Antes de mais nada, gostaria de explicar-lhes que a semana passada recebi
um prospecto de uma escola profissionalizante oferecendo "Curso de
computação para o dia-a-dia". Seria de três dias e, de acordo com o
prospecto, ofereceria condições de "perder o medo" do
computador. Pensei: "tá aí um curso pra mim"! É claro que já
tenho uma boa base, mas decidi experimentar na esperança de aprender
algo novo.
Qual não foi minha surpresa e estupefação ao chegar na sala de aula e
deparar com pelo menos dez participantes nas idades variando entre 70 a 90
anos! Fiquei sem saber como agir, fico ou vou embora? Será que estou no curso
certo? Que fazer?
Já que estava lá, decidi ficar e ver o que iria aprender junto aos meus
"colegas". O senhor sentado ao meu lado tinha um
aparelho no ouvido e não entendia as instruções do professor quando
solicitava que ligássemos o computador. Eu, com muita pena do pobre
senhor, dirigia-me a ele e o ajudava todas as vezes que notava sua
dificuldade. À minha frente sentava-se uma senhora com uma bengala, à
esquerda um velhinho todo vestido de terno e gravata, uma gracinha, porém com
alguma deficiência na vista pois usava óculos que mais lembravam fundo de
garrafa.
O professor era um jovem elétrico de uns 25 anos, falava rápido e nunca
perguntava se alguém na sala não havia entendido alguma coisa. Claro, com
certeza ele sabia qual seria a resposta se perguntasse. Os velhinhos estavam
"perdidinhos" em meio à tanta explicação sobre "bits, mega
bytes, kiloytes, CPU`s, RAM, FDD, HDD, CD-Rom, Desktop, Modem, ASCI, Word,
Excel, Microsoft e outros afins. Para terem uma idéia, meu colega à
esquerda não sabia o que era um "Mouse" e achava estarmos referindo
ao bichinho.
Nos intervalos tínhamos certas tarefas, sendo que eu era a única a executá-los
e depois passava o tempo todo indo de mesa em mesa ajudando meus coleguinhas.
Se me considero fraca conhecedora da complexidade de computadores, imaginem
eles!
Na verdade fiquei encantada com a motivação dos velhinhos e espero poder ter
a mesma energia quando atingir a idade deles. Porque nao aprender? Uma coisa
é certa: o computador é um "bicho de sete cabeças", mas é uma
questão de treinamento, quanto mais com ele se trabalha, mais se aprende.
Fiquei amiga de todos meus companheiros e acreditem ou não fui elogiada pela
paciência com que lhes ensinei o pouco que sabia. Hoje, após a última
aula, três colegas me perguntaram se eu estaria disposta a
lhes ajudar com algumas aulas extras. Imaginem! Eu? Fui lá querendo aprender
e saí "professora".
Amanhã tem aula aqui em casa... vou explicar como se faz para enviar e-mails.
Nisso eu sou perita!
Ah! outra coisinha: nunca me sentí tão jovem!
Rosângela Scheithauer
prrscheith@netway.at
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